...e depois?


Depois de abrir mão de todas as certezas,
De jogar fora todas as verdades absolutas
De se despir de uma tonelada de preconceitos, crenças e mentiras

Depois de todas as decepções:
amorosas,
profissionais,
familiares,
de amizades,
sexuais,
intelectuais,
físicas,
pessoais...

Depois de se achar um lixo
E de agir como um lixo
E de ser um lixo
E se odiar muito

Depois de se amar
E começar a se aceitar
E se amar mais
e ao mesmo tempo não saber o que fazer com você

Depois o que?
O que fazer com o que sobrou?
Tirando todas as cascas, todas as imposições da sociedade, todo o machismo, o patriarcado, o capitalismo, a cultura do estupro, a ditadura da beleza, as imposições do padrão estético...
Só sobrou eu
E agora, o que faço com isso?
E se não quiser fazer nada?
Como faz para querer?
Acostumada a desacreditar de tudo já não sei se quero/posso/sou querer alguma coisa
E ao mesmo tempo quero tudo, quero tanto
mas, ai...

tem tanta coisa pra fazer, tanto livro pra ler, tanta música pra se ouvir, tanto filme pra assistir...
e ao mesmo tempo tem vida lá fora, tem mar, tem mato, tem cachoeira...
há outros corpos, infelizmente pertencem a outros...
Há, os outros! Eis um grande problema/empecilho da vida... ou seria desafio?
Nunca gostei de desafios... me irritam, me cansam... fazem eu me sentir fracassada...
Gosto do que é leve... mas nunca é leve quando se trata dos outros... pelo menos não quando se espera que seria, ou quando se quer que fosse... as coisas só são leves até certo ponto, enquanto as pessoas não estragam tudo com seus problemas de ego...

Cada dia me torno mais intolerante com as maiorias.
Cada dia suporto menos esse mundo cagado.
Cada dia engulo menos esse retrocesso.
Cada dia perco mais a sanidade.
Cada dia menos esperança.
Cada dia menos paciência.
Cada dia uma mentira a menos pra acreditar.
Cada dia um problema novo.
Cada dia um problema velho de novo.
Cada dia uma realidade mais dura pra se engolir a seco.

Calma, no mundo tem flor, tem gato, tem cachorro.
Infelizmente tem humanos também.
Tô achando que o problema do mundo é ter gente demais.




Comentários

  1. Boa tarde Ellen, teu texto, é um "auto cuspe", Freudiano. Tua capacidade de auto conhecimento, faz com que se fira com suas próprias forças. "Não há cura sem o amor" Freud.

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    Respostas
    1. Olá Juvenil... vc interpretou o texto bem diferente de mim rs... ao escrever o ódio não era direcionado à mim mesma, mas ao restante das pessoas (não todas, claro, mas boa parte delas). Os seres humanos podem ser horríveis, e tudo de ruim que tem no mundo é causado pelas pessoas. Estou cansada de viver nesse mundo injusto, desigual, cruel, violento, etc...

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    2. Quis dizer que a gente tenta se melhorar como pessoas, se desconstrói a cada dia, lutamos pelo que é justo, mas a maioria das pessoas está cagando para isso e para nós, continuam sendo egoístas e mesquinhas, destruindo o planeta, matando pessoas com suas atitudes...

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